Lição de Vida
Acordo ao cantar do galo,
Pois tenho a minha profissão,
Sustento mulher e filhos,
Que os guardo no coração!
Na minha lida campeira,
Não há tempo de reclamar,
Pois é no pé da figueira,
Que tiro pra descansar!
Há muito tempo que ando,
Suprindo o meu galpão,
Montado ao lombo do zâino,
Com a 12 de prontidão!
Minha mira é certeira,
Com um tiro mato o capão,
E volto ao pé da figueira,
E faço uma oração!
Ó Grande Arquiteto, meu Deus,
Te peço, de coração,
Perdoe-me a covardia,
Desalmei este Capão!
Mas garanto que só faço,
Pra suprir o meu galpão,
Pois mato só pro sustento,
Pela alimentação!
Os bichos devem ser livres,
Assim como o Patrão,
Não faço judiaria,
Pois bicho tem coração!
Minha vida é passageira,
Faço o que tenho a fazer,
Caço, pesco, planto e colho,
Os frutos, pra sobreviver!
Com a minha companheira,
Eu danço um vanerão,
Pois ela é sempre parceira,
Pros fandangos de galpão!
Os filhos foram criados,
Na roda de chimarrão,
Trocando a churrasqueira,
Pelo velho fogo de chão!
Assim vou levando a vida,
Nos braços do benquerer,
Me aposentando na lida,
Somente quando morrer!
Na minha lida campeira,
Nos braços do benquerer,
Deixando o guri faceiro,
O ensino a sobreviver!
A vida não é tão fácil,
Há muito o que aprender,
Ensino ao guri a lída
Orgulho irei de ter!
Lhe deixarei o meu zâino,
A 12, o espinhel e o facão,
O levarei na figueira,
Farei suprir o galpão!
Nossa vida é passageira,
-Olhe em volta, João!
Campeiro eu ei de morrer,
Cuidará do seu irmão!
A mãe, mulher, companheira,
-Me sirva um chimarrão!
Vamos ao pé da figueira,
Quero falar com o Jõao,
-Meu filho, olhe a figueira,
Tá vendo esta marcação?
-É a marca dos Oliveiras,
Orgulho desta nação!
E assim findo minha história,
Deixando esta lição!
-O que se leva da vida,
É o bem que se faz a um irmão!