Ê Menino

Ê menino tome tento, tome vento na cabeça

Faça a sua, faça a minha

Faça barulho aí

Que eu to pra lá do outro lado do espelho

Onde tudo é ao contrário. Ah, do caralho...

E eu fui preso ajudando uma velha morta e nua a atravessar a rua

O processo e o júri de coelhos, gravata borboleta

Não havia coelhos pretos

E os malhados ficavam num canto abandonados

Nem podiam falar; coitados

Era uma festa do cacete e eu não sabia como cabia

Aquela baleia assassina alvinegra

Tanto pêlo que fiquei com alergia

A galera vibrava, queriam minha cabeça

Frita numa frigideira ou enforcada num cipó

Ê menino solta o peso, pára não, é desse jeito

O tambor de pele e pau apanha que nem condenado

E o safado que comeu não assumiu, fugiu, foi pro Brasil

Pegar fila de banco, cancro, “xistose”

No rio federonto

É arrudas, Tietê, praia suja, arrastão na areia

O menino correndo: (PEGA! MATA! LINCHA!)

Poderia ser seu filho, filho da puta

Disfarçado de pivete

Brincando de pedinte

Comendo no lixo com apetite

Alegria Alegria o beck chegou

Êta menino sangue bom - Toma aqui o seu

Sangue estragado, coagulado

Vai ser encontrado debaixo de um viaduto

Ou no mato, baleado ou cortado

Feito um bicho pro almoço

É menino vê se troca de planeta que aqui velho tem 30 e se não chega nem a metade

Leva suas baquetas, seu tambor, sua oração

Não adianta disfarçar que eu já vi suas asas surradas

Pode voar que ninguém vai acreditar

Vão achar que é algum tipo de promoção

Sua missão é linda, mas ninguém quer aprender

Só querem apontar seu rosto tarjado no jornal

(LÁ SE VAI MAIS UM MARGINAL!)

Antes de ir dá uma palha no tambor, que eu gosto de ouvir, ê menino

Fernando Tamietti
Enviado por Fernando Tamietti em 06/07/2011
Código do texto: T3078918
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