Ê Menino
Ê menino tome tento, tome vento na cabeça
Faça a sua, faça a minha
Faça barulho aí
Que eu to pra lá do outro lado do espelho
Onde tudo é ao contrário. Ah, do caralho...
E eu fui preso ajudando uma velha morta e nua a atravessar a rua
O processo e o júri de coelhos, gravata borboleta
Não havia coelhos pretos
E os malhados ficavam num canto abandonados
Nem podiam falar; coitados
Era uma festa do cacete e eu não sabia como cabia
Aquela baleia assassina alvinegra
Tanto pêlo que fiquei com alergia
A galera vibrava, queriam minha cabeça
Frita numa frigideira ou enforcada num cipó
Ê menino solta o peso, pára não, é desse jeito
O tambor de pele e pau apanha que nem condenado
E o safado que comeu não assumiu, fugiu, foi pro Brasil
Pegar fila de banco, cancro, “xistose”
No rio federonto
É arrudas, Tietê, praia suja, arrastão na areia
O menino correndo: (PEGA! MATA! LINCHA!)
Poderia ser seu filho, filho da puta
Disfarçado de pivete
Brincando de pedinte
Comendo no lixo com apetite
Alegria Alegria o beck chegou
Êta menino sangue bom - Toma aqui o seu
Sangue estragado, coagulado
Vai ser encontrado debaixo de um viaduto
Ou no mato, baleado ou cortado
Feito um bicho pro almoço
É menino vê se troca de planeta que aqui velho tem 30 e se não chega nem a metade
Leva suas baquetas, seu tambor, sua oração
Não adianta disfarçar que eu já vi suas asas surradas
Pode voar que ninguém vai acreditar
Vão achar que é algum tipo de promoção
Sua missão é linda, mas ninguém quer aprender
Só querem apontar seu rosto tarjado no jornal
(LÁ SE VAI MAIS UM MARGINAL!)
Antes de ir dá uma palha no tambor, que eu gosto de ouvir, ê menino