Ainda assim...
Somos pretos, gordos, inúteis e viados
Na boca dos que não sabem o que dizer
Tem-se a idéia de que são mal vindas as diferenças
E que tudo se pode esquecer
Hoje em dia, não vale nossa crença
Só que ainda assim está difícil de viver
Preconceituosos irmãos da terra
Nossa união sofre sozinha
Escondidas em nossos peitos
Lendo mentiras em nossos leitos
Clamando ávidamente por companhia
Somos egoístas, covardes e descrentes
Nas bocas dos que falam demais
Somos superiores, é claro e evidente
Enquanto os outros são só animais
Descobrimos facilmente
O valor de cada um
Sem saber que realmente
não valemos centavo algum
Ainda assim, cá estamos nós
misturados ao mundo
pois já se foi o tempo de nosso avós
pois já se foi, já se foi...
Não te peço cordialidade
Muito menos falta de educação
Pois em cada letra de suas ofensas
Estou em você, no seu coração