COMBOIO DE SONHOS
Quase lá, sempre,
Adormecer o amanhã
No agora que corre
Nos hiatos dos trilhos
Passam paisagens
Cores, tardes distantes,
Comboio de sonhos
Anseios de outono
O doce gosto das
Vindimas tardias
Derrama nas adegas
No dia de São Martinho
Quase lá, sempre,
No comboio a noite passa
Na escuridão dos retornos
Rasga a pele, as faixas de vida,
Fere, sangra, cicatriza,
Cria novas raízes
Nas estações da lembrança...
Quase lá, sempre,
O amanhã descansa
Nos tonéis dos secos tintos
Tempo dormente
Passa em procissão
nos lentos ponteiros
Mais uma estação,
Antônio, Maria, João,
Escorre o embebido silêncio
No discreto pranto
Lágrima de saudade,
Sangue de raízes
Choro das videiras...
Quase...