PELE A PELE.
Deixa eu te cantar
pra te trazer à vida, pra secar tuas feridas,
cicatrizar tuas partidas,
bagunçar tuas medidas
só pra adocicar tuas ardidas,
deixa vai.
Deixa eu te dançar
pra deixar tua alma abençoada,
pra manter tua dor calada,
pra fazer tuas buscas grandes achadas
só pra encher teus dias de toadas,
deixa vai.
Deixa eu te fecundar
pra brotar o que tem de mais bonito,
pra recomeçar o que estava finito.
só pra florir o que estava aflito,
deixa vai.
Deixa eu te amar
pra entrelaçar nosso sangue num peito só,
pra fazer vocë recitar todas alegrias de cor,
só pra ver que tudo pode ficar bem melhor,
deixa vai.
E assim, meio sem jeito, meio sem pressa,
vamos nos refazendo pele a pele,
feito pintura que cresce no passo do pincel
feito paixão que se avaranda num grande céu,
feito cantoria que invade a tudo, sem cansar,
deixa vai.
Então numa bela hora qualquer
a gente vai entender, vamos sim,
que tudo tinha que ser mesmo assim,
tudo que era mal precisava do fim.
Então vamos olhar pra trás, pros lados, pra frente, pra dentro, pra cima,
vamos ver que tudo foi bom, foi justo, tudo valeu a pena.
A gente pode até ter errado alguns passos na nossa cena,
faz parte, faz parte sim,
mas nunca deixamos de receber os nossos aplausos no final.
Deixa vai...
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