REFLEXÕES DE UM RONCADOR.
Quando ele dorme o silêncio vira do avesso,
berra louco até o talo,
leva a paciência pro ralo,
pro ralo.
Quando ele dorme espanta o sono dos outros de vez,
faz a calma dopar toda sensatez,
aborta os sonhos que nunca virão,
nunca virão.
Quando ele dorme o descanso some,
a paz vira britadeira, a desculpa vira asneira,
adeus toda brincadeira.
Quando ele dorme o zen some a galope,
a paciência o desejo entope,
a noite vira um inferno pior que fome,
pior que fome.
Quando ele dorme a fronha se desespera,
o que era bom fica já era,
e desaparece de uma vez,
de uma vez.
Quando ele dorme, sossego vira quem me dera,
a parede não consegue domar a fera
e tudo se rebuliça até o Sol se espreguiçar.
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