LEZIER
Infância com pouco rabisco,
Família humilde, ralé.
O mais moço entre as moças,
Filho de Zé e Florinda,
Sua graça era Lezier.
Forro por seu pseudônimo,
Marcava o sotaque cantando.
Herança do pó nordestino,
Agreste desde menino,
Comia com a mão ou colher.
Falando contava piada,
Ria-se do riso dar nó.
com pouca sustância no punho
Saía na "gota" em murmúrio
Muitas vezes trotando no pé.
No olho não olhava niguém,
Parecia sempre rezando.
As vestes maior que o corpo,
Retalhos, um velho outro novo
Nos pés um calçado chulé
O tempo que tudo fia,
Logo desafiou Lezier:
Quando se foi mãe Florinda
Foi tanto da adrenalina
Que serrou os olhos seu Zé.
Durante esse tempo unguento
Ninguém mais "mangava" Forró.
Dedicado a dor e o lamento,
Aperreado com sofrimento,
Vestiu o silêncio e a fé.
Mas, cansado com homilias
Nele nasceu nova fé.
Lembrou do cimento e o martelo,
Feijão, arroz e o cutelo,
Tudo inerente a seu Zé.
Logo, era o Forró do Zé,
O Forró do batente pesado.
O músculo já estava presente,
Muito trampo, à "noitinha" aguardente,
Meretricio e meninas presentes.
Renasceu no lugar do velho,
Passou a ser respeitado.
Não há hoje em Santa Albertina,
Um telhado, uma latrina
Que não tenha seu nome gravado.
Wagner Viana.