Tantas bruxas, tantos porões.

Os nossos olhos falam muito

dizem o que não conseguimos imaginar,

traduzem os cheiros que a alma esconde

faz a gente ficar sem ar, sem par.

Os nossos olhos são pequenos guardiões,

que escondem bruxas nos seus porões,

fazem troça dos medos que nunca cremos,

por isso tanto temos, tanto esquecemos.

Os nossos olhos gostam de traquinar a toda hora

fazem o futuro ou passado virar o agora,

têm a chave que deixa nosso coração órfão,

têm a luz que nos deixa à deriva até sempre,

até nunca mais, até nunca mais.

Os nossos olhos desvendam as mazelas da paixão,

desfalcam os calos dos sonhos com aspereza mil,

se esvaem no vão dos atalhos ruprestes

e nunca desistem da sua dor, nunca,

choram e sorriem na mesma manada,

na mesma golfada de suor.

Os nossos olhos não suportam o frio do desprezo,

nem aguentam quaisquer pontadas obtusas da fé.

Eles sabem onde escorar seus rebentos e

onde detonar toda razão, toda intenção.

Até o dia em que irão se cansar de correr, de amar,

de tornear a vida dos homens. De dissecar os tiros dados ao luar.

Então poderão começar a viver de vez, a viver de vez.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 20/06/2011
Reeditado em 23/06/2011
Código do texto: T3046412
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