"Seo" Doutor
“Seo” Doutor, sou gente pobre
O barracão é meu castelo
Sobrevivo vendendo cobre
E papelão no ferro velho
Sobra dor, falta alegria
Só desgraça me acontece
Deus, perdoe a covardia
Mas só com cachaça a gente esquece
Meu rosto já envelhecido
Aumenta mais a minha idade
Sou um moço enfraquecido
Em busca de paz e igualdade
“Seo” doutor, não tenho estudo
Minha patroa também não
Mas sei que a vida nesse mundo
Não é boa sem educação
Sem rancor não culpo a vida
Só queria compreender
O que a torna tão sofrida?
Doutor, eu preciso só saber
Solitário vou andando
Com a carroça pela rua
Um terço branco me guiando
Minha Nossa Senhora é a mesma que a sua
“Seo” doutor, não o condeno
Pela minha falta de sorte
Essa sina é meu veneno
Vai ficar comigo até a morte...
Nesses versos me despeço, “seo” doutor
Não se preocupe pois não vou pedir dinheiro
Se possível só me faça um favor
Me tire do peito um pouco desse desespero