Amar sem pressa: anzóis da loucura.

Lembro quando o tempo envelheceu,

se fez recluso em si próprio,

dormiu e não sonhou, não sonhou.

Lembro do tempo cativo e maltrapilho,

saindo da casca feito fera no cio,

deixando suas vestes se sangrar ao léo, ao léo.

Lembro do tempo passado e vindouro,

trazendo nas suas ancas o desejo coalhado de tantos,

se fazendo menino só pra traquinar os corações.

Lembro do tempo ardido e mofado,

querendo rasgar os medos feito folhas de seda,

tentando cabrestar os sonhos vadios, tão vadios.

Lembro do tempo rouco na alma,

buscando ar nas frieiras aflitas da fé,

deitando nas soleiras enfeitiçadas dos porões do céu.

Lembro do tempo voltando pra casa,

com o rostou ungido pelas derrotas de toda uma vida,

olhando de longe tentando aninhar, tentando sorrir,

tentando cuspir suas feridas até nunca mais.

Lembro do tempo que podíamos nos amar sem pressa,

atirando longe os azóis da loucura, os quitudes da vingança,

os estopins fugazes das tardes chuvosas de sempre,

berrando pra dentro do peito o que sempre teimamos em nunca ouvir,

em nunca ouvir.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 19/06/2011
Código do texto: T3044449
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