Tempo de gozar.

O tempo que é vento não encontra seu irmão,

nem segue seu rumo sem prestar contas

nem tem ranhuras que nunca iremos dominar,

nem tampouco atracar.

O tempo que é fardo não tem refugo, nem desculpa,

suas garras desgarradas nunca erram o tom

seu sangue sempre encontra a veia certeira se aninhar,

e gozar.

O tempo que tem voz, é tantas vezes atroz,

o seu véu se encouraça em sonhos de festim,

suas fraldas ainda perduram no varal sem arredar pé,

sem arredar pé.

O tempo que pra tantos é álibi, ou madrasto,

pra outros é ferida aberta sem descanso, sem descaso,

seus reinos não vão fecundar os medos tantos,

seus ferrolhos só esperam o dia para de bocejar só pra sorrir.

O tempo que é menino, é algoz, é rebarba,

quem souber ler as linhas da sua mão certamente não morrerá de tédio, nem de saudade,

e quem se curvar com reverência súdita não perderá seu atalho de fé, nunca mais.

O tempo que não engole seco nem apunhala à revelia,

no entanto suas ninfetas teimarem em rasgar fronhas,

seus os olhos não mais capturam a baba dos zumbis,

quando seus passos se entremularem feito bambú seco,

quando o prato de comida for servido arredio,

a sua senha será chamada para o acerto de contas final.

Então como se não fosse da sua conta, ou da sua valia,

resgatará do fundo do poço dos homens a harpa de Deus

e, por fim, cerrará seus olhos, afrouxará suas manhas e

repousará em paz.

Pra todo o sempre, pra todo o sempre.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 27/05/2011
Reeditado em 28/05/2011
Código do texto: T2996074
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