Tempo de gozar.
O tempo que é vento não encontra seu irmão,
nem segue seu rumo sem prestar contas
nem tem ranhuras que nunca iremos dominar,
nem tampouco atracar.
O tempo que é fardo não tem refugo, nem desculpa,
suas garras desgarradas nunca erram o tom
seu sangue sempre encontra a veia certeira se aninhar,
e gozar.
O tempo que tem voz, é tantas vezes atroz,
o seu véu se encouraça em sonhos de festim,
suas fraldas ainda perduram no varal sem arredar pé,
sem arredar pé.
O tempo que pra tantos é álibi, ou madrasto,
pra outros é ferida aberta sem descanso, sem descaso,
seus reinos não vão fecundar os medos tantos,
seus ferrolhos só esperam o dia para de bocejar só pra sorrir.
O tempo que é menino, é algoz, é rebarba,
quem souber ler as linhas da sua mão certamente não morrerá de tédio, nem de saudade,
e quem se curvar com reverência súdita não perderá seu atalho de fé, nunca mais.
O tempo que não engole seco nem apunhala à revelia,
no entanto suas ninfetas teimarem em rasgar fronhas,
seus os olhos não mais capturam a baba dos zumbis,
quando seus passos se entremularem feito bambú seco,
quando o prato de comida for servido arredio,
a sua senha será chamada para o acerto de contas final.
Então como se não fosse da sua conta, ou da sua valia,
resgatará do fundo do poço dos homens a harpa de Deus
e, por fim, cerrará seus olhos, afrouxará suas manhas e
repousará em paz.
Pra todo o sempre, pra todo o sempre.
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