A Misteriosa da Chácara
Letra: Paulo de Freitas Mendonça
Melodia: César Oliveira
Gravada no Reponte da Canção
Uma linda chacareira
dizem que era viúva, a moça.
Só cantava Dom Yupanqui
Cenair e Zitarrosa.
Com sotaque de fronteira,
quanto muito “buenos dias”
quando aumentava a prosa
fingia que não ouvia.
Suas mãos se confundiam
com as pétalas das flores
passantes criavam trilhos.
Eram pretensos amores.
Quando estava na janela
Sentia-se mais segura.
Esboçava um sorriso.
Aquilo era uma pintura.
Era tema de cochicho
no mate doce ou na venda.
A misteriosa da chácara
já era quase uma lenda.
Numa noite, um movimento
mais de um lampião havia,
e tudo ficou tapera
no amanhecer do dia.
Como chegara, partira.
A casa tornou-se fria.
A janela que era um quadro
ficou uma tela vazia.
O gorgeio no arvoredo,
as flores logo murcharam,
os trilhos criaram grama
e tauras não mais passaram.