De cabeça pra baixo sem dó.

O ciúme tem mil gumes,

mil faces, mil enlaces.

Começa mansinho na carona de um bocejo

e acaba virando um monstro que ninguém segura mais,

ninguém segura mais.

Suas garras são afiadas, aladas, imantadas,

chegam até nos confins mais confins da gente, e pior,

vão derrubando valores, vão detonando amores,

deixam tudo de cabeça pra baixo sem dó,

sem dó.

O ciúme tem bem mais letras do que parece,

muitas vezes é o tempero que mais apetece,

outras vezes é a sentença de morte pra vida a dois,

e isso nunca deixa pra depois,

isso nunca deixa pra depois.

Sabe lá de onde veio, sabe lá onde nasceu,

talvez tenha sido um capricho que o Criador deixou de lado,

talvez tenha sido um quesito que o capeta dissimulou e guardou,

talvez tenha sido a pedra nos nossos sapatos que nunca

jogaremos fora,

nunca jogaremos fora.

O ciúme fala por si, tem vida própria e alma forte,

quando chega todas as paixões se curvam com respeito,

quando vai embora todos os sonhos começam a bailar sem parar,

e assim vai calandrando os desejos até ficarem como têm que ficar,

como têm que ficar.

Então, missão cumprida e doída, emerge dos nossos porões,

e volta pra sua casa com o peito cravejado de medalhas,

esquece que sempre transformou o amor em migalhas,

esquece que imantou com seu cheiro podre e frio tantos corações,

tantos corações.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 22/04/2011
Reeditado em 22/04/2011
Código do texto: T2923772
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