DESCASO DUMA VIDA
Ele não entendia bem as coisas,
e nem estava interessado.
Acontecessem de qualquer jeito,
com virtudes, com defeitos,
o que importava era isso:
tinham mesmo que acontecer.
Sua violência era demais,
assustava a tantos e tantos,
mas ele nunca se importou
quando os outros estavam aos prantos.
Isso lhe supria a carência
que sentia envolto na demência.
Amar e odiar se mesclavam
sem jamais se separarem.
Significavam a mesma coisa,
apesar do paradoxo.
É que sua vida sempre foi
um erro de dicotomia.
Então chegou o dia do Juízo,
e ele que nunca creu nisso,
acabou pagando feio
por uma paixão tão absurda.
O único e infiel companheiro
foi a razão daquele crime.
Haviam se conhecido há pouco,
naquela esquina, por acaso,
e seus olhos se cruzaram
duma forma misteriosa,
quando algo tão estranho ocorreu,
que ele não soube explicar.
Nasceu então um sentimento
que durou poucos momentos.
O carinho que ele esperava
não veio como queria.
O resultado dos tormentos
custou-lhe mesmo o fim da vida...
Ele não entendia bem as coisas,
e estava pouco ligando
pro significado das mesmas,
porque tudo era como nada.
Sua vida o sentido perdera
no mesmo dia em que nascera.
DJALMA
09-NOV-1988