Desembestado coração.
Quando o amor chega, a alma se curva,
o medo virá uma coisa turva,
a dor sai pro ralo feito rato fujão,
feito rato fujão.
Amor atado, aliado, querido,
rede que nos pega antes de cair no chão,
amor colorido, suado, devido,
ficamos encantados nas asas do seu formão.
Quando o amor canta, o sangue se espanta,
a carne fica mais macia, gostosa alegoria,
tudo parece que se junta, se imanta.
Amor atado, aliado, querido,
rede que nos pega antes de cair no chão,
amor colorido, suado, devido,
ficamos encantados nas asas do seu formão.
Quando o amor enrigece, tudo se esquece,
a voz fica carinho, o cheiro vira flor de alfazema,
os remendos parecem novos, ficam tinindo,
ficam tinindo.
Amor atado, aliado, querido,
rede que nos pega antes de cair no chão,
amor colorido, suado, devido,
ficamos encantados nas asas do seu formão.
Quando o amor diltata, a vida desacata sua lei,
faz os sonhos virarem as linhas da mesma mão,
faz a paixão dar sentido aos ventos, virar rei,
virar rei.
Amor atado, aliado, querido,
rede que nos pega antes de cair no chão,
amor colorido, suado, devido,
ficamos encantados nas asas do seu formão.
Quando o amor contamina, a ciência vira menina,
o chão treme para virar tudo de cabeça pra baixo,
a gente perde o rumo mesmo quando vai pra próxima esquina.
Amor atado, aliado, querido,
rede que nos pega antes de cair no chão,
amor colorido, suado, devido,
ficamos encantados nas asas do seu formão.
Quando o amor vem nos estender a sua mão,
esquecemos nossas falas, nossos jeitos, nossas marcas,
e caimos pro mundo num desembestado refrão,
num desembestado refrão,
desembestado coração.
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