O Samba que não Valeu
Você procurou, mais uma vez
Na ilusão da noite,
Ao som de um samba,
aplacar a sua dor.
Dor do vazio, do nada.
Você deslizou pelo salão
Agarrando-se às migalhas
De um pedacinho de seus sonhos.
Pensou que a noite fosse sua
Enquanto durasse o samba.
Relaxou num sorriso
E sentiu vontade de gritar.
Gritar ao mundo,
Que já não tinha forças
Para reprimir tantos desejos,
Para controlar a louca paixão,
Sufocada dentro do peito.
E entregou-se de vez a noite;
Embriagou a alma,
Desejou retardar o amanhã,
Pediu um tempo a solidão
E viajou...
Mas a madrugada não parou
E a realidade chegou.
Parou o samba,
Não há mais noite,
Não há mais nada,
Nada, nada!