CAIS
Onde estão tuas velas coloridas,
barcos e canoas com bandeiras...
teus homens do mar, suas estórias
e o movimento das manhãs de feira.
Lembro o deslizar daqueles barcos,
velas indo ao vento rumo ao mar
e teus velhos marujos sonolentos
a cantar lamentos ao luar...
Canoas com nomes diversos
que um dia ancoraram em ti:
Luar de Prata, Bandeirantes,
Deus te Salve, Bentevi,
A Rosa do Mar, Mulata,
Praiana, Amor, Yemanjá,
Menina Moça, Virgem Santa...
Que um dia foram rumo ao mar
p'ra não mais voltar...
p'ra não mais voltar...
Hoje eu te vejo desolado,
poucos barcos sobem esse teu rio,
e nem mesmo a minha saudade
consegue preencher o teu vazio...
Hoje como barcos as lembranças
vão nas águas do teu Caeté
e as lágrimas que caem dos meus olhos
fazem preamar nessa maré...
(Escrita tendo como inspiração o cais de Bragança do Pará na segunda metade da década de setenta, provavelmentre em 1978).