Toldo Da Morte
Certa vez,
sentado abaixo do toldo de um bar em esquina incerta,
dedilhando "O Canto de Ossanha" em uma tentativa infértil de imitar o pai Baden, ela chegou.
Olhei furtivamente, porém ela, como outra mulher agente da Abin como todas o são, pegou no ar e indagou?
-Gosta de bossa meu bem?
Cocei a nuca e pensei no que Vinicius, o diplomata, faria. Inspirei fundissímo e soltei;
-Porque não dá uma sentadinha e toma uma cervejinha comigo?
Com um arregalar de seus olhos verdes com paisagem me denunciou;
- Este toldo está condenado, poderá cair a qualquer momento, não sabe?
Dei um arregalar de uns olhos que não são nem castanhos e muito pouco negros, olhos indefinidos, olhos de poeta;
- Sei, porém eu devo estar onde a bossa está, mas quem é vc?
Pequenas ondinhas na testa procuravam me ajudar a compreender a pergunta como retórica, não deu certo e ela suspirou antes falar;
- Eu sou a música atual, não tenho a beleza interna da bossa, mas o povão ama minha carcaça.
Sem mais me deu de ombros e se foi.
Segui no dedilhado, o toldo rangendo era a percussão:
"Vai vai vai vai não vou......................"