FOGO
Também foi nos tempos finais dos anos 80, que eu conheci e me encantei pelo R Moura, autor da biografia do Cartola "Todo Tempo Que Eu Viver".
Foi o primeiro e maior toco que levei. Ele me achava uma gatinha, mas a minha impetuosidade escondida atrás da minha carinha de inocente de Piu Piu, assustou o moço que era uns 20 anos mais velho e não esperava pela minha atitude.
Depois de despertado um clima entre nós eu decidi tomar a iniciativa. Devidamente incentivada por uma amiga que me deu a maior força, fui ao Lidador e dei a maior grana em um vinho alemão( que nem sei se era bom). Naquela época, comprar importados era um luxo que custava os três olhos do corpo. Mas voltando... Comprei o vinho, duas dúzias de rosas e mandei entregar na produtora dele com o seguinte bilhete: "As taças eu levo mais tarde."
Ele se assustou e eu fiquei puta, porque ele não me ligou.
Mas como toda menina afoita, não me fiz de rogada. liguei eu e disse:
¬ Devolve meu vinho!
Vinho que aliás, ele bebeu sem a minha companhia.
Depois de passado o susto tivemos nossos momentos, que hoje, fazem parte das minhas boas lembranças.
Desse namoro atípico guardo um exemplar do seu livro com uma dedicatória autografada que diz:
" Para Cynara que sabe coisas que eu não sei."
Até hoje ainda não descobri o que é que eu já sabia e ele ainda não. Pois com R Moura tive alguns dos momentos que ajudaram a me descobrir e fazer de mim quem sou. Momentos que me enriqueceram culturalmente e como mulher também, apesar dele me achar uma criança.
"Menina, menina! respeite os meus cabelos brancos" era o que sempre ele me dizia sorrindo.
¬FOGO¬
Capital Inicial
Composição: Dinho Ouro Preto / Bozzo Barretti
Você é tão acostumada
A sempre ter razão
Você é tão articulada
Quando fala não pede atenção
O poder de dominar é tentador
Eu já não sinto nada
Sou todo torpor
É tão certo quanto calor do fogo
É tão certo quanto calor do fogo
Eu já não tenho escolha
E participo do seu jogo, participo...
Não consigo dizer se é bom ou mal
Assim como o ar me parece vital
Onde quer que eu vá o que quer que eu faça
Sem você não tem graça
Você sempre surpreende
E eu tento entender
Você nunca se arrepende
Você gosta e sente até prazer
Mas se você me perguntar
Eu digo sim, eu continuo
Porque a chuva não cai
Só sobre mim
Vejo os outros,
Todos estão tentando
e é tão certo quanto calor do fogo
Eu já não tenho escolha
E participo do seu jogo, participo...
Não consigo dizer se é bom ou mal
Assim como o ar me parece vital
Onde quer que eu vá e o que quer que eu faça
Sem você não tem graça
É tão certo quanto calor do fogo
É tão certo quanto calor do fogo
Eu já não tenho escolha
Eu participo do seu jogo