Ânsia de Viver

Enquanto os aliados buscavam sentido na vitória,

enquanto o Reich se deixava esvair a hegemonia,

enquanto o paganismo fazia o maior sentido,

eu pensava em viver.

E Olga implorava, sem perder a ideologia, Stalin chorava de raiva em um vestíbulo sujo, Getúlio se mostrava indiferente, segui pensando em viver.

Os olhos de Hitler queimando de dor e ódio.

Os olhos de japoneses queimando, literalmente, assim como todo o resto de seus corpos.

Acho que ainda pensava em viver, e de fato vivi.

hoje, ao enterrar os últimos mortos, a introspecção me fuzilou.

Após o bombardeio filosófico dobrei meu orgulho e meus joelhos para o nada, cai na real e matei o Papa.

Do outro lado do mundo havia sombras porém, não homens.

Havia chuva, porém não havia água.

Havia alquimistas sem magia, e tudo era póstumo, tudo era nada e chorei baixinho.

Abri meus olhos na negridão, gostaria de ver Jung tentar desenhar o que vi.

Caminhei sem sentido, cambaleante como um tísico, facto.

Mas amanhã já não será 12/04/1945.

Nota. Com carinho, de um imparcial polonês fictício

Ozzy
Enviado por Ozzy em 20/01/2011
Código do texto: T2741872
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