DIZIMADO
DIZIMADO
Beto Matos
A gente nada, nada, nada e... Nada!
Quanto mais nado a praia está mais longe
Quanto mais pago o aluguel da casa
A casa própria mais de mim se esconde
Pensei abrir o meu próprio negócio
Porque empregado não tem horizonte
Mas como vou juntar o capital inicial
Se o ordenado vai não sei pra onde
Tem agiota prometendo um bote
Estou desnorteado e me queimando com a muvuca
Já tô ganhando fama de serrote
Não tenho o da gelada e nem pra ficha da sinuca
Futebol não sei jogar
“Pagodim” não sei fazer
Deputado não vou me eleger
“Vale Tudo” eu sei que vou perder
E mulher rica com essa lata eu não vou ter
Eu nunca fui de reclamar da sorte
Mas o pior está pra acontecer
A sogra está pela hora da morte
E o meu barraco meus cunhados vão querer
Até que a preta me levou num cara
Pra me acalmar e dar de volta o meu alento
Que aos gritos de “Aleluia!” e de “Glória!”
Nem ouviu a minha estória
E foi pedindo dez por cento
Só atendia no atacado
Exorcizando os avarentos
E eu que devia só na terra
Agora devo ao firmamento
Ou o Senhor me dá um desconto
Ou meu patrão me dá um aumento