Amor Operário
Ô Rosa! Levanta pra fazer um café preto
Que hoje o dia tá bonito demais
Olha o azul do céu
Só mesmo no castanho do seus olhos
Pra aliviar o cinza da cidade de São Paulo
A gente conta os dias pra chegar o fim do mês
Falta dinheiro uma semana e mais uma condução
Ô Rosa ajeita minha mochila
Pra eu levar minha quentinha
Que na hora do almoço
Vai lembrar a cervejinha
Do boteco da esquina
Um punhado de arroz
Umas três quatro batatinhas
E um bocado de arroz
Pra passar o dia
(Pra levar a vida, meu amor)
Ô Rosa! De sol a sol o dia-a-dia é mais comprida
Pra quem vai encarar a vida na cidade de São Paulo
Escuta a música do dia
O vai e vem desse vagão de fora a fora
Nesse ritmo cansado
De quem quer mudar de vida
Contar história diferentes desses dias tão iguais
Contar passos cabisbaixos em caminhos tão normais
ô rosa me prepara aquela janta
Tô chegando pelas tantas
Encontrar o seu carinho
Um beijo quente um ombro amigo
E essa força tão bonita
De quem quer levar a vida
Que me faz guentar a barra
Que me faz te olhar nos olhos
Que me faz beijar o filho
Desse amor tão operário
Que ainda tá pra chegar