Última conversa

Ando me sentindo ninguém

Isso faz parte da minha doença

Isso não me faz nada bem

É pior do que você pensa

E não importa o que eu faça

Nada vai mudar

A tristeza me tirou a graça

Será que tudo isso vai passar?

Toda vez que falo contigo eu choro

E isso não faz parte de mim

Não gosto de me ver assim

E o que será que você pensa?

Que o meu choro é recompensa?

Pare de me falar

Talvez eu pare um dia de chorar

Quero me despedir de ti

E deixar de ser criança

A criar falsas esperanças

Quero voltar a sorrir

Estou muito doente

E só posso me curar

Se morrer ou se matar

Preciso cuidar e também ser paciente

Amo quem não me ama

E isto está matando

Ou resolvo acabar

Ou continuam me acabando

Disseste que sou rosa

E precisam me regar

Mais se as chuvas são muito fortes

A vida se negará

Nada mais breve que a morte

É o que me virá

Disseste que minha lágrima é valiosa

Tão bonita quanto o meu sorriso

Disseste o que não lembro mais

Eu não quero lembrar disso

Você me lembra a injustiça

Você me lembra o desamor

Não sei que culpa tem

De ter um outro amor

Eu que o tenho também

O mesmo que não me amou

Disseste que sou rosa

E precisam me regar

Mais se as chuvas são muito fortes

A vida se negará

Nada mais breve que a morte

É o que me virá

(Por Clarice Davallos e Andrié Keller – Especialmente para Clarice Davallos, por amizade e cumplicidade – 16 de outubro de 2006, atenciosamente.)