O mar é imenso

Eu conto o tempo em mil semanas

E não cheguei a nenhuma conclusão

Despertador da minha cama

Os ponteiros do relógio não têm coração

Formam volta e meia ângulos curtos

Breves como minha vida aguda

Sou apenas um cateto da hipotenusa

Subtraído de qualquer razão

Ao longe se vê o que não se tem

No coração, o pouco está tão perto

As águas do mar são infinitas

Mas, a sede lhe rege como deserto

A pior das cegueiras

É a feita de olhos abertos

Como uma escala divida em partes iguais

O amor se dispersa valente

Secando a roupa dos varais

Segue a ajudar as aves de rapina

Os pombos e os pardais

Mas, o sol é mais lento que a vida

Que nunca cumprimenta na despedida

Antes de se arrumar

Já está bem vestido, vai para o mar

Ao longe se vê o que não se tem

No coração, o pouco está tão perto

Mas, teus olhos castanhos,

Me trazem tanta certeza

Do que já tenho por certo

Que os teus braços só selam tudo

Terminar? Crescer? Alcançar?

Sem tua quentura de que o mundo me servirá?

Quebra-se uma ligação dupla

E faz-se agora uma adição

No peito antes, ardente de paixão

Agora, a paz da união

O mar é onde morre a vida

É o berço dos suicidas?

Ou é o inverso da razão,

Tudo aquilo que chamamos de coração?