Alma gaúcha
de Railda Masson
Quem ousa dizer que não sou gaúcha traga as provas, eu quero ver... Que venham aqueles que nasceram no Rio Grande e me expliquem o porquê... A extensão gaúcha não tem fronteiras, pois tudo é mato, tudo é grama, tudo é chão. Colocar divisas é coisa de homem estudado, o matuto não tem disso não... Vai fazendo amizades, cevando o chimarrão e quando menos se percebe, acende-se o fogo de chão, junto a figueira do velho Casarão onde se achega a gaita e o violão. Sou Anita Garibaldi, nascida em outro Rincão, filha de gaúcho e Catarina, de oito filhos que nem tomam o amargo doce chimarrão!
Por puro erro de geografia, somente eu nasci nas terras de cá do pontão. Mas enquanto todos eles trabalham, eita terra boa de plantar! Eu me vingo e aproveito para bailar.
Empresto a frase: "O Sul é Meu País", ninguém há de negar. Pois eu uso o vestido de prenda, a bombacha e o chiripá. Só não me atrevo a cantar, esse é o dom do meu peão cantor Arlindo Gaúcho que nascido no Rio Grande foi criado no Paraná. Certamente porque ele tinha que me encontrar... Ele até me emprestou seus documentos, na hora de nos casar. Mas então, se tudo que era dele, passa a ser meu, logo eu também sou gaúcha, mas nascida no Paraná. Como vantagem a alma bipartida nasceu em Marau e Laguna e agora mora em Maringá onde se mateia a saudade, de um tempo e uma terra que muitos nem conheceram, mas que amam só de ouvirem falar. De uma tradição Sulina que muitos piás e adultos adotaram como pátria mesmo sem conhecerem pessoalmente.
Pátria essa que agora faço parte como proponente e presidente do grupo de Anitas Garibaldi do Paraná.
Então me permitam os antigos que eu diga, minha alma é gaúcha!
Ninguém mais há de negar.