36 ANOS DE POESIA
Hoje completo 36 anos de ser poeta.
E ia escrever algo sobre isso quando da coletânea do Milton, que meu filho gravou para mim, eu achei esta pérola que não sei como nunca tinha ouvido:
GUARDANAPOS DE PAPEL, de Léo Masliah,do disco " Tambores de Minas" do Milton Nascimento.
"Na minha cidade tem poetas
que chegam sem tambores
nem trombetas.
E sempre aparecem
quando menos aguardados.
Guardados entre livros
e sapatos.
Em baús empoeirados.
Saem de recônditos lugares.
Nos ares.
Onde vivem com seus pares.
E convivem com fantasmas
multicores.
De cores que te pintam
as olheiras
e te pedem que não chores.
Suas ilusões são repartidas.
Partidas entre mortos e feridas.
Mas resistem com palavras
confundidas.
Fundidas ao seu triste passo lento
pelas ruas e avenidas.
Não desejam glórias nem medalhas.
Se contentam com migalhas
de canções e brincadeiras
com seus versos
dispersos.
Obcecados pela busca
de tesouros submersos.
Fazem quatrocentos mil projetos
que jamais são alcançados.
Cansados.
Nada disso importa
enquanto eles escrevem.
Escrevem o que sabem
que não sabem
e o que dizem que não devem.
Andam pelas ruas
os poetas
como se fossem cometas
num estranho céu de estrelas
idiotas
e outras
cujo brilho sem barulho
veste suas caudas tortas.
Na minha cidade tem canetas
esvaindo-se em milhares
de palavras retorcendo-se
confusas
em delgados guardanapos
feito moscas inconclusas.
Andam pelas ruas escrevendo
e vendo.
E vendo que eles vêem, nos vão dizendo.
E sendo eles poetas de verdade
enquanto espiam
e piram
não se cansam de falar
do que eles juram que não viram
Olham para o céu esses poetas
como se fossem lunetas
lunáticas
lançadas ao espaço.
E o mundo inteiro
fossem vendo, pra depois
voltar pro Rio de Janeiro".
Obrigado, Milton e Léo.
Hoje completo 36 anos de ser poeta.
E ia escrever algo sobre isso quando da coletânea do Milton, que meu filho gravou para mim, eu achei esta pérola que não sei como nunca tinha ouvido:
GUARDANAPOS DE PAPEL, de Léo Masliah,do disco " Tambores de Minas" do Milton Nascimento.
"Na minha cidade tem poetas
que chegam sem tambores
nem trombetas.
E sempre aparecem
quando menos aguardados.
Guardados entre livros
e sapatos.
Em baús empoeirados.
Saem de recônditos lugares.
Nos ares.
Onde vivem com seus pares.
E convivem com fantasmas
multicores.
De cores que te pintam
as olheiras
e te pedem que não chores.
Suas ilusões são repartidas.
Partidas entre mortos e feridas.
Mas resistem com palavras
confundidas.
Fundidas ao seu triste passo lento
pelas ruas e avenidas.
Não desejam glórias nem medalhas.
Se contentam com migalhas
de canções e brincadeiras
com seus versos
dispersos.
Obcecados pela busca
de tesouros submersos.
Fazem quatrocentos mil projetos
que jamais são alcançados.
Cansados.
Nada disso importa
enquanto eles escrevem.
Escrevem o que sabem
que não sabem
e o que dizem que não devem.
Andam pelas ruas
os poetas
como se fossem cometas
num estranho céu de estrelas
idiotas
e outras
cujo brilho sem barulho
veste suas caudas tortas.
Na minha cidade tem canetas
esvaindo-se em milhares
de palavras retorcendo-se
confusas
em delgados guardanapos
feito moscas inconclusas.
Andam pelas ruas escrevendo
e vendo.
E vendo que eles vêem, nos vão dizendo.
E sendo eles poetas de verdade
enquanto espiam
e piram
não se cansam de falar
do que eles juram que não viram
Olham para o céu esses poetas
como se fossem lunetas
lunáticas
lançadas ao espaço.
E o mundo inteiro
fossem vendo, pra depois
voltar pro Rio de Janeiro".
Obrigado, Milton e Léo.