O CAVALO, O CAVALEIRO, O SERTÃO, O AMOR E A MORTE ou A LENDA DE DIADORIM

(recitativo)

O diabo está na rua no meio do redemoinho

O homem em seu conflito não sabe que está sozinho

O Grande Sertão: Veredas contado em versos e prosa

O cantador pede a bênção à mestre Guimarães Rosa

Trazendo a viola enfeitada com fitas e alecrim

Pra contar a lenda viva do valente Diadorim

(canto)

Caminho estreito, cavaleiro e montaria

Grande sertão, veredas, honra e valentia

Gatilho, mira, mão armada à carabina

Chapéu de couro, faca e espora na botina.

A morte espreita em meio aos buritizeiros

Tocaia ao sol, tiro de rifle, bandoleiros

Jagunço, bala, cartucheira e cinturão

Viver é muito perigoso no sertão.

Cabelo ao vento no nascer da alvorada

É Diadorim rompendo o dia em galopada

Lá no sertão onde é preciso ter coragem

Une-se ao bando para prosseguir viagem.

A tropa rasga no chapadão das Gerais

Juntos na marcha seguem homens e animais

O vento sopra nos ermos da pradaria

Sob o relincho dos cavalos nasce o dia.

Mas Diadorim perdido nos seus pensamentos

Sabe que o amor secreto fere sentimentos

Com ansiedade espera a hora da contenda

Porquê a esperança frágil não tem referenda.

Nos olhos verdes um olhar angustiado

Dentro do peito um coração atormentado

A guerra chama e o combate é pela vida

O bando luta e a batalha é vencida.

Mas a cartada final sempre é do destino

Que mostra a sorte como espelho cristalino

Um corpo cai depois de um tiro certeiro

É Diadorim sangrando no pó do terreiro.

A morte vem e nos impõe grande tristeza

Tirando a vida e revelando uma surpresa

O homem morre mas a lenda continua

E o povo leva sua história para a rua.

JotaCF
Enviado por JotaCF em 30/08/2010
Reeditado em 27/01/2012
Código do texto: T2468021
Classificação de conteúdo: seguro