A Peregrina

A Peregrina

Que figura é aquela, que longe vem

Traz uma boca banguela

E nos cabelos fogo tem

Veio como ou veio de onde

Veio de lugar nenhum

Carrega trouxas nos braços

E caminhas passo a passo

Seus pés mais parecem cascos

De tanto e tanto andar

Chega mais perto me assusto

Ao ver na face da dona

Aquela mesma amargura

Daquela mesma figura

Dos meus tempos de piá.

Eu lembro bem essa fase

Do pavor que tinha dela

E das artes que eu fazia

De algum adulto eu ouvia

Ä ¨ Santa¨ vem te pegar!

Eu tinha medo desta frágil indefesa

Nunca teve teto ou mesa, nem sei se sabe falar

Mas das lembranças que tinha

Recomponho a escultura

Sei que falta alguma coisa

Só não sei como explicar...

Já sei ,eu lembro do piá cabelo grande

Enganchado em sua cintura

Formando um estranho par.

Quando foi mesmo que dali ele pulou

Prá que banda enveredou

Será que achou outro lar?

E lá vai ela, esta meiga peregrina

E eu fico aqui

Não tremo ou corro prá dentro

Eu já cresci

E nada melhor que o tempo

E eu já vivi

Pra matar bicho papão!

E a dor fica e ficará

Fruto da hipocrisia

Ou de grande covardia

De não estender um dia

A esta mulher, minha mão.

E em nome da criançada

Corro atrás desta figura

Olha , não me reconhece...

Só resta pedir...perdão!

mirian schuck
Enviado por mirian schuck em 17/07/2010
Reeditado em 02/10/2010
Código do texto: T2383489