IDENTIFICAÇÃO
Falta identificação
Não me sinto à vontade
Meu olhar ficou vazio
É chegada a solidão
Antes tinha mais sabor
Muita festa, muito amor
Mas, agora o que me resta
É a saudade do passado, um aperto, uma dor
Falta, ainda, confiança
Amizade e respeito
Não existe mais criança
Um adulto está no leito
O distante, bem calado
Com frieza me encara
Dando assim a impressão
De que sou uma peça rara
O que não quer nem que se faça
A menor indagação
Dá respostas, assim mesmo
Sem qualquer educação
Resta, ainda, uma esperança
Atrevida como o quê
Chora, grita e me avança
Finge até que vai bater
Hoje trago uma certeza
Que falhei na criação
Desses meus três descendentes
Tá havendo ingratidão
Sigo, então, o meu caminho
Vida curta, é uma só
Mas, espero que o netinho
Ame muito a sua avó
E, se mesmo esse menino
Me tratar com indiferença
É por que é o meu destino
Deverei ter essa crença
Deus me olhou e disse: Filha
Vai em frente, segue forte
Você tem a minha benção
Desde já até a sua morte