História Comum
Ele jogava na retranca
Ninguém sabia o seu itinerário
Pois ele tinha vergonha
de mostrar a fragilidade
que escondia a todo custo
em nome de uma fachada
que sempre ruia de noite
no fundo mágico do quarto.
Mas um dia o despertar atrasou
e todos souberam o resultado do jogo
nos copos, na cabeceira,
no álcool impregnando o quarto
Todos souberam o resultado
no veneno revólver do lado
Todos leram, viram o retrato.
Mas na tarde, que antecedeu à noite,
ninguém sabia o que ele era,
ninguém viu seu coração tão frágil,
bêbado batendo doido
sua vontade, seu fogo.
Ninguém percebeu
que ele fazia versos
e cantava quieto
pra ninguém do lado.
Ele jogava na retranca.