RETRATO
HOJE, amanhã
Presente ou não
Não tenho porque
Não tenho senão
À custa de quê
Anúncios, jornais
Eu só solidão
Em ecos banais
Ninguém tem tempo
Prá perder seu tempo
Ninguém tem tempo
prá atender a mim
Não sei esperar
A vida não pára
Ah! Se eu soubesse
ao menos chorar
Meu tempo preciso
A vida lá fora
E as horas que passam
Eu só tenho agora
Ninguém tem tempo
prá perder seu tempo
Ninguém tem tempo
prá atender a mim
Este retrato
tão disfarçado
Não conta jamais
Um homem parado
Parado, vencido
Sem más nem ou
Foi ontem talvez
Que o tempo ficou
Ninguém tem tempo
prá perder seu tempo
Ninguém tem tempo
prá atender a mim
outubro-71