Vida Seca
Deixei o meu sertão
minha casa de chão batido
o coração partido
vim para o sul me arriscar
Peguei minha mala
e uma moringa
minha esposa linda
e dei meu gato angorá
Dias e dias viajando
a mais nova no colo chorando
o peito ia apertando saudade
da terra que deixei lá
mas a seca é tamanha
água não tem onde apanha
tão cedo a chuva vai chegar
minha vaquinha magrinha,
sem ter o que pastar
deixei com minha madrinha,
faltou coragem de matar
aqui no sul é um frio danado
mas já tenho três filhos formados
e uma casa para morar
hoje aqui é feriado
paulista é desconfiado
trabalhei que nem escravo
não esqueço de meu sertão
um dia ainda vou voltar.