DESCOBERTA (IN)PESSOAL

Eu estava solitário –

Pensativo de mim mesmo –

Quando tudo começou a fazer sentido.

A Vida batia à minha porta

E sorria abraçando a Morte,

Agradecendo aos seres humanos:

— Hoje eu aprendi a mentir.

Olhei além da vidraça

Do plenário, ora legal.

A Verdade era tão plena e espontânea

Que toda a pátria espelhava

A uniformidade social.

Mas uma voz insistente me alertava:

“HOJE EU APRENDI A MENTIR.”

A todo instante

Tudo se fazia repetir.

A TV era os meus olhos;

O mundo, meu ouvido.

A História toda era um livro esquecido,

Onde o vento também murmurava:

— Hoje eu aprendi a mentir.

E foi assim

Que dentro de mim tudo mudou –

A lua já não brilhava

Somente por brilhar,

E ninguém falava

Apenas por falar.

Então passei a pensar o que pensavam...

E hoje aprendi a mentir.

***

Extraído do livro "Vendavais" de Gilmar Pereira Lima.

Poema musicado pelo grande amigo Noel Barbosa.

GILMAR PEREIRA LIMA
Enviado por GILMAR PEREIRA LIMA em 31/01/2010
Reeditado em 19/04/2015
Código do texto: T2061355
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