DESCOBERTA (IN)PESSOAL
Eu estava solitário –
Pensativo de mim mesmo –
Quando tudo começou a fazer sentido.
A Vida batia à minha porta
E sorria abraçando a Morte,
Agradecendo aos seres humanos:
— Hoje eu aprendi a mentir.
Olhei além da vidraça
Do plenário, ora legal.
A Verdade era tão plena e espontânea
Que toda a pátria espelhava
A uniformidade social.
Mas uma voz insistente me alertava:
“HOJE EU APRENDI A MENTIR.”
A todo instante
Tudo se fazia repetir.
A TV era os meus olhos;
O mundo, meu ouvido.
A História toda era um livro esquecido,
Onde o vento também murmurava:
— Hoje eu aprendi a mentir.
E foi assim
Que dentro de mim tudo mudou –
A lua já não brilhava
Somente por brilhar,
E ninguém falava
Apenas por falar.
Então passei a pensar o que pensavam...
E hoje aprendi a mentir.
***
Extraído do livro "Vendavais" de Gilmar Pereira Lima.
Poema musicado pelo grande amigo Noel Barbosa.