Tudo por Nada
Tudo foi por nada
Mas quem iria desconfiar
Que esse amor não daria certo
Não era apenas química
Pois a carne não seria capaz
De enganar o âmago desse jeito
Queria não sentir
Mas se tornou inefável demais
Pra esquecer...
O laço que nos uniu
A força que nos fez
A emoção intraduzível
De nos tocar pela primeira vez
Sinto dor
E lembro uma vez mais
Do começo ao fim...
Eu só queria ter forças para conjugar
A saudade em silêncio
Mas gostar é uma ciência complexa e inexata
Sem fórmulas e cheia de segredos
Saudade: loucura e lucidez
Transforma tudo lentamente
No inverso tão depressa por demais
Íntimos são estranhos outra vez
Mas mesmo assim não dá pra compactar
O sentimento pelo tempo que durou
Porque memórias é a dureza que existe
Por tudo resistir depois do fim...
De culto em culto
De pacto em pacto
Calado, arranho o madeiro
De olhos fechados
Deixo que as mãos guiem
Impaciente os meus sentimentos
O sangue escorre das unhas
Não tenho ninguém pra conversar
O corpo umedece de suor
Em depressão outra vez
Mas em fim eu consegui mais uma vez
Talhar na madeira sua imagem outra vez
Te colori com minha tinta rubra uma vez mais
Em depressão outra vez
Porque de nos só restou à obra
Que de mim nasceu que por ti se fez
Já que das promessas só são saudades que ficou...