Realidade e Fantasia (Confraternização)
Eu não sei mais o que faço:
Adoro vitrines de bolsas, blusinhas e balangandãs;
Entro e vejo botas, boinas, brincos, barbantes;
Tudo eu quero, de tudo eu gosto.
Nem que eu fosse modelo,
Estilista de profissão;
Só se eu ganhasse uma aposta,
Mas então vinham culpa e remorso:
E a moça da vila, o que é que ela compra?
E aquela que sobe a favela, o que é que ela veste?
E a donzela do morro, o que é que ela calça?
Só se eu ganhasse na Sena
E vestisse a bela do brejo,
Calçasse a deusa da periferia
E comprasse roupa de grife pro povo do beco.
Assim não despertava a inveja e a ira;
Muito pelo contrário,
A menina do beco, vestindo roupa bem chique,
E a mocinha do iate, de jeans customizado,
Iam se conhecer e se cumprimentar.
Talvez até fossem juntas pro bar ou cinema.
Daí, o bandido podia virar santo
E, com o outro, que já era santo, rezar.
Ah, como eu gosto de roupa bonita.
Ah, como eu adoro sonhar.