Sol e Lua
Ai, como é isso, meu nego?
Eu gosto de arroz com jiló,
Você come linguiça com pão.
Você gosta do amanhecer,
Eu curto o pôr-do-sol.
Se eu falo que a alegria vem de dentro,
Você emenda que vem de dentro do copo.
Quando eu quero ir ao cinema,
Você fica e vê futebol.
Se eu reclamo _Você é o sol,
Eu sou a lua_
Você diz que sol e lua se entendem,
Cada um fique na sua
E ocupe seu pedacinho no céu.
Aí você me olha, me puxa, se encosta,
Me fala umas coisas no ouvido
E diz que quer fazer estrelinhas.
Você é assim, meio poeta, meio pé-no-chão;
Às vezes sonha acordado, parece flutuar,
Mas tem horas que não tem isso de sonho,
É o pão com linguiça, o trabalho, a estrada,
O carro enguiçado,
A conta a pagar.
Não reclamo mais não, meu nego,
Todo mundo é assim, assim é que tem que ser.
Eu também tenho meu tempo de chão e meu tempo de nuvem,
Basta que a gente se encontre, se toque, se ame
E prossiga até novo encontro, em qualquer lugar.