Aqueles dias sem flores

Se me levanto temprano

fresco e curado

claro e feliz

e te digo: vou ao bosque

para lembrar-me de ti

sabes que escondo dentro um tesouro

para humedecer minha raiz.

Se volto logo carregado

com muitas flores

muito color

e as trago na risa

na ternura, e na voz

é que molhei em flor

minha camisa

para te dar meu suor.

Mas se um dia eu tardo

não te impacientes

já voltarei mais tarde.

Será que a mais profunda alegria

foi seguida pela fúria esse dia.

A fúria, simples do homem sem sorte,

a fúria bomba, a fúria de morte.

A fúria, império assasino de crianças,

a fúria, se acabou a esperança.

A fúria mãe, tenho frio, muito frio,

a fúria, isto é meu, só meu, e sorrio.

A fúria, vejo mas não sinto nojo,

a fúria, medo a perder o manojo.

A fúria, filho sapato de terra,

a fúria, me dê ou lhe faço a guerra.

A fúria, tudo tem seu momento,

a fúria, o grito se vai junto ao vento.

A fúria, o ouro sobre a conciência,

a fúria porra, paciência, paciência.

A fúria artera, que matou minha canção,

virando minha vocação.

Se há dias que volto cansado

sujo de tempo

sem para-amor

é que regresso do mundo

não do bosque,

não do sol.

E nesses dias, companheira,

vista alma nova...

para minha mais bela flor.

Daniel Dantas
Enviado por Daniel Dantas em 24/11/2009
Reeditado em 20/12/2009
Código do texto: T1942040