Província
É chegada a hora de partir,
aprontar as malas do destino.
Ela sorria ao pé do altar,
ao pé do altar selou sua sina.
Os sinos das manhãs de catequese,
bordados, rendas e tapeçarias
são as lembranças por arquivar,
por arquivar até o fim.
Um mundo novo ao qual pertencer,
o florescer da paz.
(Refrão:)
Ela não disse que estava doendo,
concentrou-se em seu ideal de amor.
Uma lágrima cai e corre,
mas ela ainda insiste em crer no seu ideal,
seu ideal de amor.
As vidraças sem nenhum borrão.
Um borrão de óleo no avental.
O que ficou imortalizado nos lençóis,
da alma não se lavará.
As horas correm na tarde sem fim.
O silêncio a sós ou a dois.
O silêncio na roda dos cavalheiros,
primeiros pingos de decepção.
Da regra da sagrada instituição,
dissimulação desponta.
(Repete refrão)
Ela admira o vestido preto,
mas logo fecha o armário.
Não é homem o bastante
para ser mulher de fato.
(I Coríntios, 11)
Agora nada resta a se fazer.
O aprendizado de uma juventude
nunca lhe ensinara o fundamental
– o fundamental da vida a seis.
Nunca soube por que os pôs no mundo.
O mundo quer escravos fiéis.
(Repete refrão)
Seu ideal de amor. (4X)