Auto Retrato

Não faço pra quem não gosto

Visita de cortesia;

Não sei fingir o sorriso

Quando não tenho alegria,

Nem há em meu coração

Lugar para hipocrisia.

Não vivo de fantasia...

Do mal mantenho distância,

Busco paz pra minha vida,

Calma para minha ânsia,

E minha simplicidade

Vai vencendo a arrogância.

Perdôo a ignorância

De quem não foi educado

E trato meu semelhante

Como quero ser tratado

Na esperança de um mundo

Feliz e humanizado.

Sou um ser iluminado

E tudo que faço assumo;

Quando me encontro perplexo

Brilha uma luz em meu rumo,

Me concentro, penso em Deus,

Encontro a graça e me aprumo.

Quero servir de insumo

Pro pomar da liberdade,

Tenho os ingredientes

Pra minha felicidade:

Fé, saúde, paz de espírito,

Amor e tranqüilidade.

Não tenho necessidade

De ter o que nunca tive,

Tenho o básico pra viver

E por sorte ainda obtive

A dádiva de aprender

Que amando é que se vive.

Na vida, qualquer declive

Para suportar me esforço,

Para permanecer digno

Venho fazendo o que posso,

Não vou penetrar no erro

E me envenenar de remorso.

Vivo em paz sem ter remorso,

Sem me fazer de torpedo

Vou tentando descobrir

Da vida o grande segredo,

Temo a Deus e a covardia

De nada mais tenho medo.

Do meu coração de aedo

Só flui mensagem serena

Um poema como prece

Em forma de cantilena

Pra quem busca luz pra vida

Viver sempre vale a pena.

Quero uma canção amena

Para ninar meu porvir,

Só frases suavizantes

Agora vou proferir

Que notícias turbulentas

Já nos cansamos de ouvir.

Vou tentando resistir

Sem ressabio, sem lamento,

Sorvendo aroma de flores,

Me refrescando com o vento,

Não há beleza no mundo

Pra quem não tem sentimento.

Tela nenhuma apresento

Se estiver esmaecida,

Vou cinzelando meus versos

Para adornar minha lida,

Emoldurando o retrato

Das coisas belas da vida.

Letra do Grande Poeta Dideus Sales