A LOBA DA NOITE
Correndo na mata deserta
A lua como companheira
Com os olhos atentos,
Esperta, à espreita.
Eu vi essa loba gazela
De pernas tão belas
Correndo ao longo do rio
E, eu, caçador, fui caçado
Pelas garras afiadas
Pelos dentes pontiagudos
A me rasgarem o coração
Nada mais a dilacerar.
Eu sou o seu Mogli
Seu menino pedinte
A se alimentar
em seus seios de amor
oferecidos em flor.
Seus uivos atravessam Recife
Repousam em Olinda
É um ritmo de frevo
Que me estatela
Não é o meu samba
Que desce ladeira
Nem é Estação Primeira
Querida Mangueira
A me consolar.
É, antes, mergulho profundo
Silêncio de selva
Orgasmo no ar.