A LOBA DA NOITE

Correndo na mata deserta

A lua como companheira

Com os olhos atentos,

Esperta, à espreita.

Eu vi essa loba gazela

De pernas tão belas

Correndo ao longo do rio

E, eu, caçador, fui caçado

Pelas garras afiadas

Pelos dentes pontiagudos

A me rasgarem o coração

Nada mais a dilacerar.

Eu sou o seu Mogli

Seu menino pedinte

A se alimentar

em seus seios de amor

oferecidos em flor.

Seus uivos atravessam Recife

Repousam em Olinda

É um ritmo de frevo

Que me estatela

Não é o meu samba

Que desce ladeira

Nem é Estação Primeira

Querida Mangueira

A me consolar.

É, antes, mergulho profundo

Silêncio de selva

Orgasmo no ar.

Odair Perrotti
Enviado por Odair Perrotti em 14/08/2009
Código do texto: T1754580