Romance
Não há poesia na alegria
Não há poesia na melancolia
Não há poesia no espírito.
Há poesia está na matéria
Mortal e finita
Perecível e corrupta
Que morre a cada dia
Dois de dezembro
De um ano qualquer...
Não há poesia na flor
Nem no perfume
Não há dor nem êxtase
No espinho
Inocente e culpado
Que fere a matéria
A cada dia
Dois de dezembro
De um ano qualquer...
Não há sabor no gosto
Nem no mau gosto
Em nenhum dos seus gumes
Razão e loucura
Canto e silêncio
De um fôlego de vida
Morto qualquer...
Não há poesia! Não há poesia!
No dia dois de dezembro
Nem morte nem vida
Só labirinto...
Escuro, tão claro!
Na multidão...
Autosegregado em segredo
No amor, na solidão.
Na poesia! Sem poesia!
No âmago do meu,
Do meu “EU”.
Minhas linhas
Meus versos e remédios
Pseudo-sentimento
Atribuído o sentir
Ao órgão! “Coração”
Um labirinto...
Escuro, tão claro!
Preso na carne
Livre na multidão...
Em segredo segregado
Sem culpa com culpa
Na poesia, sem poesia!
De um romance
Honesto e corrupto
Livre e preso
Na solidão.