O MENINO E O PEÃO

ESTA MÚSICA FAZ PARTE DO SEGUNDO CD DA VAQUEJADA DE BARRA DO MENDES DE 2002. FOI INTERPRETADA PELA MARAVILHOSA DUPLA REY E RUSSO, DO POVOADO QUEIMADA DO MENDES.

UM VELHINHO CARIDOSO NUMA FAZENDA VIVIA,

ELE VEIO LÁ DE LONGE, POR AQUI FEZ MORADIA!

FUGINDO DE UMA DOENÇA QUE ACABOU COM SUA FAMÍLIA,

TODANOITE ELE CANTAVA COM SAUDADE DA BAHIA,

ESTE HOMEM DE BONDADE NESTA NOVA PROPRIEDADE

VOLTOU TER ALEGRIA.

ERA O GUARDA DA FAZENDA TRABALHAVA O DIA INTEIRO,

ERA UM VELHO DE RESPEITO, ORGULHO DO FAZENDEIRO.

ELE CUIDAVA DO CURRAL BEM PERTINHO DO TERREIRO,

COM SAUDADE ELE CHORAVA, LEMBRANDO DOS COMPANHEIROS

TODA NOITE ELE CANTAVA, NA VIOLA ELE LEMBRAVA,

DO TEMPO QUE FOI VAQUEIRO.

TODO DIA, TODA NOITE A ROTINA SE REPETIA,

ERA UM HOMEM MUITO HONESTO, VELHO DE GRANDE VALIA.

O MENINO DO PATRÃO ERA SUA COMPANHIA,

AS HISTÓRIAS QUE ELE CONTAVA O GAROTO FELIZ OUVIA,

O MENINO ENTÃO FALAVA É O MEU VOVÔ QUE FALTAVA

E O VELHO SE DERRETIA.

FOI CRESCENDO NA FAZENDA AQUELA GRANDE AMIZADE,

O GAROTO PRO VELHINHO ERA SÓ FELICIDADE,

TODO DIA BEM CEDINHO ELE IA PRA CIDADE,

O MENINO IA MONTADO NO CAVALO BEM À VONTADE,

NOS CAMINHOS DO SERTÃO O VELHO CANTAVA UMA CANÇÃO,

ABRAÇADO COM A SAUDADE.

MAS UM DIA A PROFESSORA DO MENINO FOI FALANDO:

TODO DIA NA ESCOLA ELE VIVE COCHILANDO,

A LIÇÃO DO DIA A DIA NÃO ESTÁ MAIS ACERTANDO.

POR DORMIR SEMPRE BEM TARDE SUA MÃE FOI RECLAMANDO:

“ESTE VELHO VAI EMBORA PARA QUE VOCÊ AGORA,

SÓ NO ESTUDO VÁ PENSANDO”.

O VELHINHO ENVERGONHADO, FICOU LOGO EM DESESPERO,

ARRUMOU AS SUAS MALAS, CALADO E BEM LIGEIRO!

FOI DESPEDI DO MENINO QUE BRINCAVA NO TERREIRO,

MAS UM BOI MUITO FEROZ ATRAVESSOU O MANGUEIRO,

FOI PRA CIMA DA CRIANÇA, MAS O VELHO DE UMA DISTÂNCIA

LAÇOU O BOI PANTANEIRO.

O FAZENDEIRO NA CALÇADA AQUELA CENA PODE VER,

QUANDO VIU SEU FILHO SALVO VIU SEU PRANTO JÁ CORRER,

ABRAÇOU AQUELE VELHO SEM SABER O QUE DIZER,

O MENINO EMOCIONADO O VELHO OUVIU AGRADECER,

A PATROA ARREPENDIDA FOI FALANDO COMOVIDA:

“EU DEVO TUDO A VOCÊ”.

A BRAVURA DO VELHINHO SE ESPALHOU PELA CIDADE,

TODO MUNDO COMENTAVA AQUELE ATO DE BONDADE,

A PATROA CONSTRANGIDA ENXERGOU A REALIDADE:

“NÃO HÁ NADA NESTE MUNDO MAIS CRUEL E MAIS COVARDE”,

QUERER A SEPARAÇÃO DE UM MENINO E UM PEÃO,

SÓ PORQUE TÊM AMIZADE.