Essência de Franklin Mano
É apenas o seu olhar
Analisando o mistério e a distância
Que existe entre o céu e o chão
Fique em silêncio preste atenção
Não fale nada
Palavras sobre esse tema seriam em vão
Mergulhe no intimo
Ultrapasse a superfície que existe
Entre o fim, o começo e o meio
Você é o mesmo ser
Mas o seu âmago há tempos se modificou
Mas todos ainda te vêem como o mesmo
São tão insensíveis que não perceberam
Que é matéria é a mesma
Mas que a essência intima se metamorfosou
Mas você ainda usa as suas velhas ervas
Mas você ainda precisa das suas velhas ervas
Vejo sensatez no seu olhar
Ternura e mansidão nas suas mãos
Se autosegrege da multidão
São pseudos-intelectuais, criaturas vãs...
Se afaste agora mesmo
De todos de tudo isso, desse meio.
Os seus escritos são a nova tradução
À interpretação, à lucidez, à revelação
A prova fatídica e dura
Que todos ainda pensam e agem do mesmo velho jeito
O tempo todo tudo muda, mas há milênios nada mudou...
Dispense as respostas, pois a verdade é relativa
A cada um convém a sua explicação
A sua própria ignorância
A sua auto-safistação
A qualquer preço e por qualquer retórica
Se fundamentam e justificam
Ideologias, ceticismos, dogmas, loucuras e razões
O tempo todo tudo muda, mas há milênios nada mudou...
São as perguntas que movimentam a existência dos homens na Terra
São as perguntas que movimentam a existência dos homens na Terra
E todas as respostas até agora foram em vão
Por isso que todos recorrem aos seus refúgios
A os seus campos de concentração
Igrejas, consultórios, bares, reives
Viagens turísticas
E viagens concebidas pela química
Que leva o individuo depressivo a alucinação
Ao gozo, ao pleno êxtase.
Depois de minutos ou horas o efeito já passou.
É a dependência física e psicológica
Que nenhum dos homens ainda superou.
Você fecha os olhos e fica em silêncio
Pois sabe que é fácil adestrar um homem
O difícil mesmo é fazer o mesmo superar sua limitação.
E sozinho fuma suas velhas ervas
E sozinho fuma suas velhas ervas.