Paradoxo
Em nome da segurança;
Nós nos refugiamos;
Em condominios fechados;
Cada um no seu quadrado!
Somos sempre vigiados;
Câmeras por todo lado.
Nos muros, arame farpado;
Cada um no seu quadrado!
Somos monitorizados;
Por alguém terceirizado;
Que nem sabemos o nome;
Cada um no seu quadrado!
Todos compartilhamos;
A escada e o elevador.
Entramos e saimos calados;
Cada um no seu quadrado!
Dividimos as despesas;
Sem saber quem mora ao lado;
Não dividimos amor;
Não fazemos favor
Cada um no seu quadrado!
Entramos nos mesmos portões;
E nem sequer nos saudamos.
Às vezes um bom dia rosnado;
Automaticamente;
Sem importar realmente;
Cada um no seu quadrado!
Temos centenas de amigos;
Mas, todos são virtuais;
E na parede ao lado;
Não ouvimos os ais;
De alguém agoniado;
Sozinho desamparado;
Cada um no seu quadrado!
E no salão social;
As festas parecem velório;
Meia dúzia de parentes;
E a panelinha do escritorio.
Nenhum vizinho é convidado;
Mesmo que more ao lado;
Cada um no seu quadrado!
E os funcionários, coitados;
Trabalham sempre calados.
Passamos por eles sem ver;
Sem nunca ter perguntado;
Sem nunca querer saber;
Como vivem, onde moram?
Cada um no seu quadrado!