Em compasso (Sonhos por Segundo)

Vivo entre o agora e o quando

minha hora é a que faço

e se a vida impõe ponteiros

me perco por gosto, ao acaso

que o único tempo em que ando

é o que se mede em compassos

Meus passos tem o seu tempo

um por um, assim, sem pressa

se repetem é por rima

ou por não ter quem os meça

não sei quando isso termina

sei que agora recomeça

e o coração, sim, é um louco

querendo apressar o mundo

é tanto que tem por dentro

- por ser assim tão fecundo -

e o tempo dos seus tambores

se mede em sonhos por segundo

quando quero tenho pausa

coisa a que se negam tantos

se lá fora o mundo corre

aqui, revezam riso e pranto

e sem culpa me iludo:

sou eterno enquanto canto