Confesso que Vivi
A natureza e o tempo
(dupla que não perdoa)
Batem à minha porta
E não o fazem à toa
Me cobram não sei que contas
Que ando mesmo esquecido
e como Neruda me escapo:
Só confesso ter vivido
Do passado trago erros
Que repito, um a um
E tenho assim por zelo
Não me arrepender de nenhum
Dos meus gostos, que eram tantos
Restaram uns três ou quatro
(não conto amores e prantos
que destes nunca me farto)
Não há planos, há passos
Só o que vivo é que sei
O futuro não me deve
Foi pro hoje que me dei
Só confesso ter vivido
E disso hoje me acusam
Mas a vida só se vinga
Daqueles que não a usam