UM POUCO DA MINHA VIDA

UM POUCO DA MINHA VIDA

Eduardo Mendonça

Eu vou contar pra vocês o que na vida passei

Desde o tempo de criança quando sem mãe eu fiquei

Eu ja tinha cinco irmãos e o mais velho era eu

Eu só tinha oito anos quando mamãe faleceu.

Minha avó abençoada quase morreu de chorar

Nesse tempo bem criança sentir o mundo desabar

Ja faz tempo mas me lembro deste trauma do passado

Quando setembro chegava eu chorava emocionado.

Na casa dos meus avós tão criança eu fui morar

O amor daqueles velhos não me deixava chorar

Eu falava – Deus levou minha mãe do coração

Mas na terra ele deixou os meus pais de criação.

A outra avó foi pra São Paulo e levou alguns irmãos

Pois ficaram bem pequenos numa triste situação

Até hora estão morando naquela grande cidade

Estão bem estou sabendo mas é grande a saudade.

Muitos anos eu morei com vovô e minha velhinha

Só conforto eu encontrei numa casa pobrezinha

Todos os dias às seis horas eu fazia uma oração

Minha velha me ensinava como ser um bom cristão.

O meu velho me chamava pra sentar no seu banquinho

Com carinho me ensinava a crescer no bom caminho

Me levava pro roçado pra ajudar no ganha-pão

Só voltávamos à tardezinha e eu bem seguro em sua mão.

Quando a noite ali chegava eu sentava na calçada

Muitas histórias vovó contava para toda a criançada

Bem ao lado os meus vizinhos numa grande animação

Sob a lua prateada destroçavam algodão.

Eu dormia sossegado com aquela simplicidade

Era paz e tanto amor, nunca vi tanta amizade!

Quando o dia clareava eu ouvia os passarinhos

O cafesinho eu tomava abraçado aos meus velhinhos.

Mas um dia eu acordei e corri para a cozinha

No fogão não encontrei minha querida velhinha

Encontrei o meu avô fazendo uma oração

Quando olhei vi la na sala uma pequena multidão.

Eu fiquei desnorteado sem saber o que aconteceu

Tia Ota foi dizendo – sua avó Ana faleceu.

Vi o povo emocionado levar minha avó querida

Este povo ia levando a metade da minha vida.

Eu fiquei por alguns anos morando com meu velhinho

Tanto apuro nós passamos sem saber viver sozinhos

Certo dia ele me olhando apertou a minha mão

Oh! Meu filho que saudade, não aguento a solidão!

Eu sentia ver meu velho nesta casa tão sofrida

Armezinda apareceu e deu sentido à nossa vida

E o meu velho se casou, não aguentou a solidão

Novamente ele encontrou muita paz no coração.

Meu velho voltou a sorrir, era um homem diferente

Eu voltei a ser feliz como era antigamente

O meu velho foi zelado, confortou meu coração

À Armezinda tão bondosa minha eterna gratidão.

Numa tarde na escola Tia Ota apareceu

Me falou emocionada que meu velho faleceu

Eu sair desesperado com os meus livros na mão

Mais um golpe bem profundo no meu jovem coração.

Minha vida se transformou ao perder o meu velhinho

O destino me deixou sem saber o meu caminho

A partir daquele dia fui morar com pai e meus irmãos

Mas essa parte da minha vida vou contar noutra canção.

Eduardo Mendonça
Enviado por Eduardo Mendonça em 13/06/2009
Reeditado em 14/06/2009
Código do texto: T1647797