Estações
Eu não estou nada bem
Mas ninguém percebeu
Todos estão cegos
Construindo seus castelos de arrogância
Por isso cultivo flores
E há tempos evito gente
Eu não gosto do mau gosto
Peculiar a cada nome, sobrenome,
Que eles tem
Se ostentam atrás deles a todo instante
Se mostram cinicamente
Esquecendo que não são bem mais
Do que simples pó
Uma carne perecível, vazia, corrupta, insossa, pobre
Limitada por demais
Mesmo assim se acham superiores
A que? Ao que? A quem?
Os porquês, eu não sei
Ainda estou descobrindo
Como não ser como antes.
Por isso quebro os espelhos
Em quereres eu me corto
Me corto pra sentir a dor
A dor que eu causei
Um dia ao outro alguém
Com os meus métodos humanos arcaicos
Que exigiam sempre muito mais
Perfeição e simetria
De tudo, de todos...
Pra que? Por quê? Pra quem?
Eu não sei
Ainda estou aprendendo a descobrir
Tudo que eu não vi
Ao longo desses vinte e dois anos
Que eu passei distraído por demais
Preso na minha própria solidão e ignorância
Exercitando minha humanidade
Desumana por de mais
Que queria receber sem dar
Afeição, fidelidade e segurança
Esperando sempre uma migalha de atenção.
Mas diga o que quiser
Cada um dá a sua versão
Mas não minta pra si mesmo
O âmago não perdoa a própria ignorância
Pois todos já cresceram
Mas imitam os seus pais
Presos na rotina, na cegueira, intolerância...
Enxergando a vida por lentes embaçadas
Desperdiçando a existência em si por demais.
Pois cada um é livre
Inventa e segue sua própria lei
Mas um mundo sem inocentes
É pesticida por demais
Coloca em risco a própria segurança
Por isso me pergunto
Se o futuro é real
Ou um boato em pro da boa-educação
Pois todos são técnicos demais
Pseudo-inteligentes
Sem consciência e sensibilidade
Cem por cento egoístas
Egos em ebulição
Esperando inutilmente pela paz
Revogada há tempos pela lei
Cega que arquiteta a arrogância
Que antecipa a extinção
Vamos ser em breve
Que nem os dinossauros
E é por isso que eu cultivo flores
E há tempos evito gente
Eu não gosto do mau gosto
Peculiar a cada nome, sobrenome,
Que eles tem
Limitados por demais
E é por isso que eu cultivo flores
Em todas as estações
Pouco a pouco estou sendo
O avesso dos meus pais
Se tornar semente é a fonte da esperança
Pois ser essência é ser bem mais
E é por isso que eu cultivo flores
Nos jardins da guerra pra colher a paz
Desobedecendo assim as brutas leis
Homo sapiens por demais
Tudo em nome dos sinais
Que vi nos teus olhos castanhos
Imersos em caos sobre cais
Vislumbrando esperança
E é por isso que eu cultivo flores
As regando com o sangue do divino
Quem dá bem menos recebe bem mais
E é por isso que eu cultivo flores
Pra te dar a paz
Flores apenas flores
Todas as flores contra o mal
Flores, flores,
Com todas as suas cores
Flores, flores,
E um pouco mais
De flores, de flores, carinho e paz
Flores, flores,
Eternal flower.