UM SÓ SENÃO...

UM SÓ SENÃO...

I

Já está surgindo a madrugada,

mas a vida em bares não é finda.

A moça morena não é amada

porém, mesmo assim, está tão linda.

I I

Todo mundo lá é tão risonho.

Há no ar odor de álcool e fumo.

Eu, por outro lado, só e tristonho,

com a minha dor sigo outro rumo.

I I I

Vago pela noite enluarada

sentindo no peito mil agonias.

Some já do céu a madrugada...

somem lá do céu estrelas vadias.

I V

Vejo delas o intenso lume

e é maior a treva de minh'alma.

Sinto de mil flores o perfume.

Preciso de amor e desta calma.

V

Se minha vida é toda dilema

eu escrevo, então, novo poema.

E há nele sempre um só senão:

êle é nada mais que um sonho vão !

"NATO" AZEVEDO

(6/3/1975)