BRASIL DESCONHECIDO

Deslizam nos teus seios

Notas de dinheiro

O teu cabelo é feiticeiro

Teu corpo não tem dono

Teu olhar não tem pudor

Teu cofre não tem senha

Não tem segurança, não

Os teus filhos pequeninos

São filhos de uma puta

A tua casa é a rua

Os teus maridos

São bandidos de paletó

Que assaltam tua casa

Com a tua permissão

O teu prazer

Não é pra gente, não

E os teus filhos não

[são os teus herdeiros, não!

Os estrangeiros comem do teu macarrão

A tua mente não tem edificação

A tua casa é a miséria

A tua gente - nós - sem-terra

Os teus pertences não te pertencem mais

E o teu corpo não é casto, meu irmão

Os teus filhinhos andam de chinela velha

Na rua, nos morros nas favelas

Os teus parentes não conhecem tua história

Nem te amam, nem te sentem, te esqueceram

Qual o teu nome?, me mostra o teu rosto

Não vou fazer um pressuposto da tua situação

Roubaram tuas roupas, os teus livros, teu passado

Cadê os teus livros, tuas músicas, os teu CD's?

Cadê tua vergonha?, eu quero ver

Me diz logo teu nome

Pra eu poder dizer

Quem é você

Deformaram o teu rosto

Roubaram teus espelhos

Amarraram os teus filhos

E os puseram de joelhos

Te tomaram tuas terras

Te roubaram teus pertences

Os teus móveis, tuas telas

Te deixaram decadente

Transformaram o teu corpo

Te trancaram nesta sela

Te viraram pelo avesso

Te enganaram mais uma vez

Me diz logo o teu nome

Pra eu dizer

Quem é você

Luiz Carlos Martins B Bueno Dantas de Oliveira
Enviado por Luiz Carlos Martins B Bueno Dantas de Oliveira em 03/04/2009
Reeditado em 03/04/2009
Código do texto: T1520355
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